Acordei de repente.
Parecia uma batida na porta.
Mas minha porta é de alumínio.
O som que ouvi foi de batida na madeira.
Na madrugada todos os sons são mais intensos. E únicos.
Na minha orelha esquerda captei agora os sons do aparelho digestivo da lhasinha velhinha minha filhinha Apple. 13 aninhos. Minha sombra. Agora uma velhinha cheia de manias. Me acorda à noite pra fazer xixi, beber água. Coisas da terceira idade. Amor da minha vida!
No meu pé direito ronca meu gato de bruxa , o preto gordo Shoyo. Doze anos de pura proteção . Meu amor incondicional. Meu filhinho carinhoso que toma café da manhã comigo, sentado a mesa, esperando seu requeijão.
Na escuridão do quarto predonina o ronco do meu filho vira-latas que tá ficando gordo porque só come, dorme e ama: o Chocolate.
Chocolate foi resgatado por mim num dia que estava morrendo de dor. Arranquei ele da casa onde era maltratado e o levei para o hospital. Operação. Fisioterapia. Amor. O fêmur dele se separou do osso da bacia. Ele perdeu o movimento da pata direita traseira. Tudo por maltratos e negligência. Mas o Veterinário Lucas cuidou. Eu cuidei. Ele voltou a andar com as quatro patas.
Ouvindo ele roncar aqui do meu lado, nem acredito que o coitadinho já passou por tanta coisa em 2017. Quanto sofrimento!
São seis anos que está sob a minha proteção.
Só que é ele quem me protege.
E o Snoopy, o brancão que mora na casa em frente..
Quando ele late, sinal de alerta, perigo na rua!
E como ele trabalha!
Por isso, todo dia eu lhe dou Biskrok! kkkkk Presente de amor e gratidão.
Acima da fonte do corredor escuto a leveza profunda do sono do pretinho vampirinho Fidel, gatinho que herdei em 2020 junto com o cinza Paco, que só dorme completamente sozinho lá no fundo.
Minha mãe dorme no quarto ao lado. Silenciosamente.
Ela, ao contrário de mim, não ronca. Dorme como um anjinho.
Mulher forte que agora aos 83 virou bebê, ainda lúcida, mas bastante
dependente.
Aínda ouço na memória o ronco de todas as pessoas que dormiram e/ou moraram comigo nesta minha casa: marido, filhos, nefas, primos, sócio, sobrinhos, irmão, meu pai, namorado. Muita gente, muito amor.
Está casa guarda 33 anos da minha história.
Muita alegria. Dores. Mortes. Nascimento. Chegadas e muitas partidas.
A casa, meu porto. Sempre acolhedora e bondosa.
Eu também sou assim. Sempre acolho
Tem gente que acha que sou sempre boazinha... Não sou . Minha pedagogia também inclue um tapa na bunda se precisar. E quebrar pratos. kkkkkkkk
Sou Iansã com Oxumarê.
Sou muito amada, invejada, temida.
Sou forte.
Mas também sou fraca.
E choro de saudade ao mesmo tempo que abraço a novidade e um novo amor ou só paixão. Sou coração.
Estou feliz que vou lançar meu livro de poesias.
E estou escrevendo o próximo, sobre oratoria, onde registro o conhecimento que adquiri em 20 anos ministrando o workshop de Oratória PRA VOCÊ FALAR BEM.
O gatinho começou a afiar as unhas no arranhador.
O outro miou pedindo comida.
A moto passou roncando na rua.
Hora de levantar e ir dar aula.
Hoje é o último sábado de curso dessa turma excelente, junho de 2023.
Os sons da madrugada acordaram o novo dia.
Amanheceu.
Vou trabalhar.
Bom dia!
anaveetmaya
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