Quando o vi pela primeira vez me apaixonei.
Foi assim mesmo.
Instantâneo.
Não posso falar sobre amor à primeira vista, porque isso não
existe.
Amor se desenvolve.
A gente planta a semente, vai regando, vai cuidando e ele
cresce, vira flor e fruto.
Às vezes, o amor amadurece, desfalece e tal como uma planta
que viveu todo seu ciclo, também se transforma, vira adubo pra mais amor.
Mas calma que não é sobre amor que quero falar.
É sobre ele, o Deus, o eremita por quem me apaixonei.
Impactante.
Silencioso.
Um mago.
Estava acostumada à sabedoria das emoções mornas, maduras e
sábias.
Chatas.
Mas ele apareceu no meu portão, sorriu e me conquistou com sua
positividade e seu cuidado. Gentileza. Empatia. Seu amor à serviço da vida.
Yang com yin. Másculo e doce. Firme, mas suave. Seguro.
Decidido. Um tesão de homem!
E como abraça! Entrega. E olha no olho.
Nossa primeira conversa, a primeiríssima conversa a sós, versou sobre desejos, intimidades, preferências sexuais. wow!
Eu pensei: Ele é eu! –Eu sou ele! Encontrei uma alma gêmea!
Mas sou escorpião.
Ele virginiano.
Eu intuo e faço
Ele matuta.
E o jogo às vezes parece que fica na retranca, não sai gol.
Ele joga a bola. Eu chuto.
Eu jogo. Cadê ele?
Perde o passe.
Será que ele desistiu da partida?
Uff.
Eu já desisti duas vezes.
Mas quando quase voltei pro banco, ele traz a bola e me convida pra jogar.
E me abraça.
E me
chama de linda.
A minha amiga falou que ele sente medo.
Então não vai rolar.
O meu amigo falou pra eu não ser oferecida.
Então não vai rolar.
Porque não sou de chove não molha.
Gosto da ação.
Será que ele me cozinha em banho-maria?
Será que lhe agrado de verdade ou é só educação? Cavalheirismo?
Mas quando ele me abraça cheira minha nuca e elogia meu
perfume. Aí ai...
Eu sempre amei a paixão.
Tanto que a invento diariamente.
Paixão com pão no café da manhã.
Paixão pela cor que me veste e tinge meu cabelo.
Paixão pela criatividade e pela inspiração que me move e me
faz ganhar dinheiro pra pagar os meus perfumes.
Eu me visto com andrajos se precisar.
Mas perfume tem que ser bom.
Mas o que é bom custa caro.
Pronto
É isso!
Eu penso que descobri o nó da questão.
Dizem que homens são caçadores.
Dizem que homens gostam das mulheres difíceis...
Será que sou facinha??
Será que ele é machista?
Será?
Eu sempre fui revolucionária.
Nunca aceitei o lugar comum.
Nunca fui caça.
Nem caçadora.
Apenas uma mulher que assume o que sente. Sem medo. Sem fricote. Se quero, aceito, invisto.
Namorei um escorpião.
Difícil. Tudo era tática. Não cedia ao meu charme. Queria conquistar e dominar. Entrava e saía
quando queria. Me amava, me hipnotizava e partia. Partia sem partir. Um enigma.
Até que uma noite, depois do amor selvagem, ele literalmente dormiu em cima de mim. E eu enxerguei sua humanidade.
Será que meu amor tem algum trauma de relação?
Mas eu quero interação!
Enquanto não descubro, enquanto nada sei, vou aproveitar
essa vibe de poder e vento fresco, que só a paixão traz, ao mesmo tempo em que
queima e faz você perder o sono.
Bora lá dormir.
Vida é movimento.
Paixão atiça a vida mas frita o cérebro.
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