27 August 2011

O DIREITO AO PALAVRÃO

O texto "O DIREITO AO PALAVRÃO" corre na Internet como sendo de autor desconhecido ou de Millor Fernandes. Não! Este texto é de Luís Fernando Veríssimo.

Tem momentos que parece mesmo que somente um bom palavrão expressará autenticamente o que estamos sentindo.

Religiões condenam o uso do palavrão.
Famílias tradicionais também.
Certos professores idem.

Tem pessoas que colocam um "porra" ao final de cada frase.
Outras, utilizam os "a nível de", "tipo assim","né", "tá", "tá entendendo", etc, gorduras da fala que poderiam ser muito bem substituídas pelo uso correto da pontuação, de outros vocábulos, sinônimos e etc.

Se não estudamos, se não lemos, se nossa cultura é pequena assim como nosso rol de palavras e expressões, poderemos incorrer no uso de palavrões, certas expressões e/ou vícios de linguagem. Às vezes fazemos isso até mesmo por "influência da mídia",  porque certas expressões estão sendo muito veiculadas nos meios de comunicação e ficam mais "prontos" e de fácil acesso na nossa mente e bem na ponta da língua.

Se nós usarmos qualquer palavra ou expressão em demasia, nossa fala será muito previsível e bem mais monótona.

Assim, teremos maior dificuldade para encantar e seduzir.
Será mais difícil vender bem o nosso peixe... Não teremos tanto sucesso na comunicação e provavelmente acabaremos segregados a um determinado grupo de amigos ou afins.

Para falar bem, precisamos nos expressar com objetividade e naturalidade.

Para falar com correção, ritmo, fluência, uma linguagem colorida e atraente, devemos conhecer, investir e dosar as palavras, palavrinhas e "palavrões"! Foi pensando assim que o Prof. Marco Antonio Abreu ( o jornalista da KISS FM conhecido como titio Marco Antonio) e eu criamos e ministramos há dez anos o workshop PRA VOCÊ FALAR BEM(www.cameracao.com)


E eu, uma livre-pensadora, sou sempre a favor do equilíbrio.

Sou poeta, amo palavras lindas. Mas às vezes uso palavrão... ;)

Aqui está o texto de Luís Fernando Veríssimo:

Abraços a todos!

Anaveetmaya

O DIREITO AO PALAVRÃO


Os palavrões não nasceram por acaso.
São recursos extremamente válidos e criativos para prover nosso vocabulário de expressões que traduzem com a maior fidelidade, nossos mais fortes e genuínos sentimentos.
É o povo fazendo sua língua.
Como o Latim Vulgar, será esse Português vulgar que vingará plenamente um dia.
Sem que isso signifique a "vulgarização" do idioma, mas apenas sua maior aproximação com a gente simples das ruas e dos escritórios, seus sentimentos, suas emoções, seu jeito, sua índole.
"Pra caralho", por exemplo.
Qual expressão traduz melhor a idéia de muita quantidade do que "Pra caralho"?
"Pra caralho" tende ao infinito, é quase uma expressão matemática.
A Via-Láctea tem estrelas pra caralho, o Sol é quente pra caralho, o universo é antigo pra caralho, eu gosto de cerveja pra caralho, entende?
No gênero do "Pra caralho", mas, no caso, expressando a mais absoluta negação, está o famoso "Nem fodendo!".
O "Não, não é não!" e tampouco o nada é eficaz e já sem nenhuma credibilidade "Não, absolutamente não" o substituem.
O "Nem fodendo" é irretorquível, e liquida o assunto.Te libera, com a consciência tranqüila, para outras atividades de maior interesse em sua vida.
Aquele filho pentelho de 17 anos te atormenta pedindo o carro pra ir surfar no litoral?
Não perca tempo nem paciência.
Solte logo um definitivo "Marquinhos, presta atenção, filho querido, NEM FODENDO!".
O impertinente se manca na hora e vai pro Shopping se encontrar com a turma numa boa e você fecha os olhos e volta a curtir o CD do Lupicínio.

Por sua vez, o "porra nenhuma!" atendeu tão plenamente as situações onde nosso ego exigia não só a definição de uma negação, mas também o justo escárnio contra descarados blefes, que hoje é totalmente impossível imaginar que possamos viver sem ele em nosso cotidiano profissional.
Como comentar a gravata daquele chefe idiota senão com um "é PhD porra nenhuma!", ou "ele redigiu aquele relatório sozinho porra nenhuma!
O "porra nenhuma", como vocês podem ver, nos provê sensações de incrível bem estar interior.
É como se estivéssemos fazendo a tardia e justa denúncia pública de um canalha.
São dessa mesma gênese os clássicos "aspone", "chepne", "repone" e, mais recentemente, o "prepone" - presidente de porra nenhuma.
Há outros palavrões igualmente clássicos.
Pense na sonoridade de um "Puta-que-pariu!", ou seu correlato "Puta-que-o-pariu!",falados assim, cadencialmente, sílaba por sílaba...
Diante de uma notícia irritante qualquer um "puta-que-o-pariu!" dito assim te coloca outra vez em seu eixo. Seus neurônios têm o devido tempo e clima para se reorganizar esacar a atitude que lhe permitirá dar um merecido troco ou o safar de maiores dores de cabeça.
E seria tremendamente injusto não registrar aqui a expressão de maior poder de definição do Português Vulgar: "Fodeu!".
E sua derivação mais avassaladora ainda: "Fodeu de vez!".
Você conhece definição mais exata, pungente e arrasadora para uma situação que atingiu o grau máximo imaginável de ameaçadora complicação?
Expressão, inclusive, que uma vez proferida insere seu autor em todo um providencial contexto interior de alerta e auto-defesa.
Algo assim como quando você está dirigindo bêbado, sem documentos do carro e sem carteira de habilitação e ouve uma sirene de polícia atrás de você mandando você parar:
O que você fala?
"Fodeu de vez!".
Sem contar que o nível de stress de uma pessoa é inversamente proporcional à quantidade de "foda-se!" que ela fala.
Existe algo mais libertário do que o conceito do "foda-se!"?
O "foda-se!" aumenta minha auto-estima, me torna uma pessoa melhor. Reorganiza as coisas. Me liberta.
"Não quer sair comigo? Então foda-se!".
"Vai querer decidir essa merda sozinho(a) mesmo? Então foda-se!".
O direito ao "foda-se!" deveria estar assegurado na Constituição Federal.
Liberdade, igualdade, fraternidade e foda-se!
Grosseiro, mas profundo...
Pois se a língua é viva, inculta, bela e mal-criada, nem o Prof. Pasquale explicaria melhor.
"Nem fodendo..."



4 comments:

  1. AnonymousJuly 01, 2012

    Não saia da vossa boca nenhuma palavra torpe, mas só a que for boa para promover a edificação, para que dê graça aos que a ouvem. Efésios 4:29

    Porque por tuas palavras serás justificado, e por tuas palavras serás condenado. Mateus 12:37

    NÃO TEM NADA A VER COM RELIGIÃO , E SIM COM CARATER E TEMOR A DEUS O CRIADOR

    ReplyDelete
  2. Sempre tem um imbecil pra usar um texto bíblico para justificar uma opinião pessoal! Esses caras deviam ser proibidos de sair dos templos e mais ainda comentar qualquer coisa na internet por que, ninguém que acredite que todas as respostas estão em um livro só e que portanto só le esse livro merece qualquer credibilidade! A propósito "Ô CRENTE DE MERDA, VAI PRA PUTA-QUE-O-PARIU!

    ReplyDelete
  3. AnonymousJuly 16, 2014

    sempre há um crente pra julgar..... não julgues para não ser julgado(não tem uma frase que diz isso)

    ReplyDelete
  4. Este texto NÃO É do Luis Fernando Verissimo.

    ReplyDelete