5 January 2014

DURMA BEM MEU GRANDE AMOR

por anaveetmaya
Sim.
Ainda era aquela mesma voz, aquele alô sexy que sempre usara para seduzir.
Já o conhecia há tantos anos... uma vida.
Lembrou-se da noite que colocaram a bebê no buggy e foram comer pizza.
Tão jovens e cheios de energia, terminaram a noite fazendo amor sob as estrelas.
Ele era o homem mais misterioso, mais gostoso,  mais incrível que conhecera.  
Atraente, sedutor, masculino.
Ele era forte.
E gostava de filosofar tanto quanto ela.
Juntos aprenderam e praticaram toda a arte do Kamasutra .
Amadureceram fazendo amor ao vivo, pelo telefone, em pensamento.  
Que link unia essas almas!
Lembrou-se de quando foi à cartomante que lhe ensinou uma prática para uni-los para sempre.
Comprou duas velas brancas, escreveu o nome dela numa e o dele em outra.
Passou mel nas duas e as uniu, acendendo e permitindo que queimassem juntas.
- Que o fogo da vida, do amor, da luz e da transmutação una nossas vidas para sempre!
Amém
- Deve ter sido o fogo do inferno essa queima!
Pensou e riu.
Nunca se casaram, nunca viveram juntos, mas parece que de fato, seus pensamentos estiveram conectados.
Bastava um contato, um telefonema e reaparecia o frisson, o desejo, a vontade de ficar junto.
Lembrou-se daquela vez que fizeram amor na maca, num daqueles intermináveis plantões...
Quantas vezes ela apareceu de surpresa no plantão, só pra lhe dar um beijinho ou fazer uma provocação, pra sair de lá correndo, sob a ira certeira do olhar dele, que odiava vê-la exposta ao olhar de desejo dos outros colegas de profissão.
Ele contava suas histórias a ela, fazia questão de exibir sua virilidade mas com muita “consciência”... 
Dizia que não participava das noitadas com seus amigos,  que era casado, pai de família...
Dizia que a poligamia e o troca-troca ficava só por conta dos amigos de profissão...
- Sei, sei...
Ela fingia que acreditava e ria das mentirinhas do exibicionista sedutor.
A vida foi gentil com os dois.
Mesmo que sempre separados, mantiveram a integridade da amizade.
Casaram-se com outros parceiros, tiveram filhos, tornaram-se avós.
Ele se separou da esposa.
Ela se separou do marido.
Voltaram os telefonemas...
As ligações da madrugada se intensificaram.
Conversando com ele sentia que o tempo não tinha passado...
Aquela mesma mente ávida e inteligente, sua voz convidativa e cheia de promessas de amor sem fim.
Mas numa noite, depois de muito conversarem, ela lhe disse:
- Estou com sono, vou dormir. Boa noite!
E ele rápido respondeu:
- No passado teria dito, estou com tesão, vou para aí...
Sorriu para si mesma.
Deu-se conta que o tempo de fato passara...
Desligou o telefone e desligou-se dele.
A chama da vela apagou.

- Durma bem meu grande amor.

2 comments:

  1. Ual...
    Muito bom
    Parabéns Ana :)

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  2. sempre coisas lindas ff

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