7 January 2013

O MUNDO PRECISA DE VOCÊS!

por Ana Veet Maya
foto de Sebastião
manta tecida pela artista, minha amiga querida MARTA CARNEIRO http://martacarneiro.arteblog.com.br/


Nunca gostei de tarefas manuais artesanais.

Via minha avó bordando, fazendo crochê.

Via minha mãe costurando minhas roupinhas, sempre tão lindas e coloridas.

Minha avó bordava tudo: panos de prato, as fraldas, ah, que lindas ficavam as fraldas de todos os bebês com aquelas joaninhas, flores e tudo de mais lindo que a imaginação dela inventava.
Eu pedia que elas me ensinassem.                                            
E elas ensinavam.
E eu tentava, juro que tentava...

Aprendi ponto cruz.
Aprendi rococó.
Aprendi alinhavar.
Aprendi a fazer alguns pontos de crochê e até tricô.
E eu tentava, juro que tentava...

Mas saia tudo um lixo.
O pano ficava feio e até sujo.
Os pontos nunca saiam do mesmo tamanho.

E minha avó falava pra eu continuar tentando que um dia aprenderia.

Mas eu só tentava naqueles dias de chuva, naquele momento que não tinha um amigo por perto pra bater papo ou que não tivesse um livro pra ler.

Quando chegou no tempo do meu curso de magistério, eu chorava nas aulas de dobraduras.
Minhas amigas acompanhavam os hábeis movimentos da professora Hebe que demonstrava tudo na frente.
E eu me perdia. Não conseguia.
Nem fazer o barquinho, nem a florzinha, nem nada.

Então eu me sentia fracassada e muito burra.
Todo mundo conseguia, menos eu.

As aulas de desenho geométrico eram minha tortura.
Aquelas réguas, esquadros, compassos...
Tudo devia ser medido, enquadrado, exato!
Socorro, eu pedia.

Nasci com estrabismo e astigmatismo.
Sempre aprendi a enxergar além da aparência, afinal, eu não enxergava mesmo a aparência real de nada...
Talvez pela minha falta de boa visão, desenvolvi outros talentos.

E eu sempre gostei de filosofar e escrever.
Gostava de pintar livremente, com as mãos.
Nunca gostei de medir tamanho de nada. Sempre gostei do ilimitado.

Fico pensando na tarefa dos educadores...
Como eu tive sorte de ter tido os pais que tive, minha avó, meus professores!
Eles souberam reconhecer as minhas habilidades e me incentivaram a praticá-las e desenvolvê-las!

Atentem senhores educadores, para o meu depoimento.
Porque eu poderia ter simplesmente ficado frustrada por não fazer o que minhas amigas faziam e ter deixado que esse sentimento me aniquilasse.
Mas meus professores de português incentivavam minha escrita.
Meu professor de inglês incentivava a minha poesia.
Meus pais incentivavam o meu desenho livre.
E assim cresci feliz e de bem com minhas qualidades e limites.

Hoje, quando acabo de desmontar a árvore de natal e desembaraçar todos aqueles fios demoniacamente embaraçados do pisca-pisca, imagino que podemos desenvolver qualquer habilidade quando queremos.

Hoje eu sei fazer dobraduras.

Hoje, quando quero, sei até cozinhar.

Se precisar muito, sei fazer até a barra da calça.

Tenho a disciplina e a coragem pra investir em qualquer tarefa nova e que ache muito difícil e necessária.

Mas precisei me conhecer, me aceitar e, principalmente, ter o estímulo de tanta gente ao meu redor, pra saber que sim, eu era normal, ou anormal, igual ou diferente.

E que poderia ser qualquer coisa que quisesse, porque eu era única!


Pais e educadores, 
atenção 
para a 
tarefa sublime 
que 
desempenham.
O mundo 
precisa demais 
de vocês!









texto dedicado a todos os bons pais e mães e a todos os bons educadores.e em especial ao Maestro Sebastião Araujo,

o professor mais disciplinado, fiel e perseverante que conheci,
um desbravador audacioso que sempre fez da música o abre-alas de caminhos belos para as crianças carentes do nosso Sertão!
http://www.boanoticia.org.br/noticias_detalhes.php?cod_noticia=5015&cod_secao=1

2 comments:

  1. falou e disse cada um nasce com uma habilidade algums com maiis quem sabe ..... voce tem diversas habilidades não é bj querida ff

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  2. Nossa! Obrigado! Muito mesmo! Minha polivalente! BEIJÃO!

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