21 January 2013

VOCÊ JÁ VIU A CHUVA?

por Ana Veet Maya

“Eu só sei que nada sei”.

Porque acreditar que se sabe, a meu ver, parece uma grande presunção.

A vida, o mundo, a ciência a cada dia nos traz revelações surpreendentes.
Ontem mesmo eu assistia no National Geographic experiências para reconstrução de membros e órgãos do corpo humano. (leia: http://en.wikipedia.org/wiki/Nanomedicine ; http://www.sciencedaily.com/releases/2011/01/110118092140.htm )

Não é possível que com tamanha evolução ainda tenhamos a pretensão de afirmar que sabemos algo.

Tudo está em constante evolução e mudança.

Muitas religiões afirmam que a Terra passa por um momento de profunda transformação e em breve deixará de ser um planeta de expiação e se tornará um planeta de regeneração.

É normal que num momento de turbulência tudo aconteça de forma mais intensa. São tantas atrocidades que envolvem o ser humano, os animais e toda espécie sobre o planeta!

São quebras de paradigmas, novos costumes, novas práticas e descobertas em geral.

E o que será que é melhor fazer, pra seguir com a onda e não ficar pra trás?

Talvez o melhor mesmo é a gente estar aberto às possibilidades.

Abrir nossa mente e nosso coração para a chegada do novo.

Livrar nossa mente de idéias preconcebidas, de preconceitos!

Tentar fazer diferente.

Tudo quanto é guru e seres que se mostram muito espiritualizados nos falam pra nos livrar do passado e viver o aqui-agora.
Mas minha avó sempre me dizia que pimenta no fiofó dos outros é refresco...

Se você ainda está pensando e sofrendo por algo “passado”, para a sua mente afinal, isso é presente e não passado...

E o sofrimento é real!

Como posso dizer para alguém que perdeu o filho precocemente: - Pare de sofrer, isso é passado?
Esse pai, essa mãe, sofre e chora a ausência. Sente-se desmotivado.
O passado é totalmente aqui-agora.

Eu só sei que nada sei...
Quem sou eu pra julgar a dor do outro?

Quem sou eu pra afirmar que ele/ela estão errados por permanecerem num casamento onde não existe mais amor, apenas comodidade?

Quem sou eu pra rir da fragilidade do outro, do seu medo, do seu limite?

Eu não sou ninguém...

E “só sei que nada sei...”

Mas uma coisa já aprendi, meu irmão!

Muitas vezes os fatos mais tristes da vida nos pegam desprevenidos e acabam com nossa energia vital, sem que aparentemente pudéssemos escolher se queríamos ou não vivenciá-los.

É a morte de um filho, a doença de um pai, de uma mãe ou mesmo uma doença muito séria em nós mesmos.

Se a energia da tristeza nos pegou sem querer, sem que a escolhêssemos, uma coisa a gente pode fazer:

1-Dar espaço para a tristeza,
Não vamos julgar. Vamos manifestar nossa humanidade, chorar e viver a dor por um tempo.

2-Vamos olhar a nossa volta e humildemente deixar a vida entrar novamente
Vamos aceitar a mão dos amigos que nos oferece amor.

3- Vamos escolher seguir em frente!
Porque quando a tristeza nos pegou de repente nós sofremos.
Mas a seguir, podemos “escolher” a melhoria.
Podemos “escolher” não nos fixar na dor e ir em frente, nos conectando com a alegria!

Será que estou certa?
Será que estou errada?
Eu só sei que nada sei...

Se nesse momento você está vivendo a tristeza de um fato passado que ainda está “presente” em sua vida, respire.

Não julgue. Mas abra a janela.

Deixe que outras pessoas se aproximem de você.

Aceite um aperto de mão, um sorriso.

E, acima de tudo, aprenda com a natureza.

Porque ela nos mostra que, afinal, depois da tempestade chega sim o arco-íris.

Que possamos sorrir pra nossas tristezas, pra nossas carências e dúvidas e juntos cantar uma nova canção.

Você já viu a chuva?

14 January 2013

A PRÓXIMA ONDA

por Ana Veet Maya

Tem dias que você acorda em frangalhos, peito apertado, uma dor que vem sabe-se lá de onde.

Tudo parece incerto, duvidoso.


Você olha o céu e não está azul.

Olha no espelho e enxerga um trapo, alguém estranho que não é você.

Pensa no trabalho e só enxerga os problemas.

Lembra do marido, esposa, namorado, filho, a família inteira e parece que está só com seus problemas e sua agonia, ninguém te entende, ninguém soma com você, suas batalhas são só suas mesmo...

Vai colocar uma roupa, não se encaixa.

Vai por um sapato, o pé está inchado.

Vai comer uma fruta, ta preta por dentro.

Aí, escorrega na rua, cai na calçada. Por um segundo, perde o ônibus que precisava tomar e o próximo só daqui a quinze minutos. Abre a bolsa e vê que esqueceu sua carteira em casa.

Aaaaaaaaah! Socooooorro!

Naqueles dias em que tudo parece errado, a Lei de Murphy parece funcionar ainda mais do que nunca...

E assim, os acontecimentos medonhos e desgraçados vem engatados em corrente!

O que fazer então?

Primeira coisa é não lutar.

Aceite!

Não questione.

Perceba.

Observe seu corpo. Onde está tenso? Onde sente que seus músculos estão retesados?

Alongue-se profundamente.

Hoje, não tome decisões muito importantes. Espere.

Procure focar em cada atividade que necessita desempenhar.

Passo-a-passo. Consciência!

Respire profundamente. Respire mais.

Saia para uma caminhada.

Mexa seu corpo.

Vamos chacoalhar a energia parada, fazer a energia fluir.

Neste dia em especial, tome mais líquidos.

Evite comer doces, evite comer carnes e gorduras.

Faça uma dieta leve, mais verduras e mais frutas.

Pense leve.

Não se sinta miserável. Não se sinta vítima. Não se julgue! Não julgue as situações. Não julgue os outros.

Faça uma oração que eleve o seu humor e seu pensamento.

Acredite que assim como a felicidade que sentiu e que já passou, este teu estado de espírito também passará.

Não valorize a ansiedade e nem a tristeza. Mas não fuja dos sentimentos...

Apenas observe-se, sinta e aceite...

Não se apegue a nada, meu irmão.

Aparências, ilusão... Sentimentos que chegam e que vão.

Viva cada momento do jeito que o momento é.

Não espere nada.

Aceite a tristeza, a angústia, a irritação, mas não se identifique... Seja apenas um observador de si mesmo.

A vida é intensa e cheia de oportunidades.

A próxima onda já vem vindo

11 January 2013

ÉS

por Ana Veet Maya



A minha alma cativa
Reflete os olhos teus
Tão verdes, profundos
Tão quentes, tão seus

A minha alma liberta
Rescende a jasmim
Mesmo que distante
Estás perto de mim

A minha alma etérea
É fogo e aquece
A muitos inspira
Mas nunca te esquece

7 January 2013

É NOITE

por Ana Veet Maya



Apagam-se as luzes
da lembrança
Ficou apenas o silêncio.
Nem frio, nem calor.
Um rio, ou lago ou mar
A luz do céu
ou do farol
Tanto faz.
O doce dos teus lábios
ou do figo.
Tudo inebria.
É noite.



















O MUNDO PRECISA DE VOCÊS!

por Ana Veet Maya
foto de Sebastião
manta tecida pela artista, minha amiga querida MARTA CARNEIRO http://martacarneiro.arteblog.com.br/


Nunca gostei de tarefas manuais artesanais.

Via minha avó bordando, fazendo crochê.

Via minha mãe costurando minhas roupinhas, sempre tão lindas e coloridas.

Minha avó bordava tudo: panos de prato, as fraldas, ah, que lindas ficavam as fraldas de todos os bebês com aquelas joaninhas, flores e tudo de mais lindo que a imaginação dela inventava.
Eu pedia que elas me ensinassem.                                            
E elas ensinavam.
E eu tentava, juro que tentava...

Aprendi ponto cruz.
Aprendi rococó.
Aprendi alinhavar.
Aprendi a fazer alguns pontos de crochê e até tricô.
E eu tentava, juro que tentava...

Mas saia tudo um lixo.
O pano ficava feio e até sujo.
Os pontos nunca saiam do mesmo tamanho.

E minha avó falava pra eu continuar tentando que um dia aprenderia.

Mas eu só tentava naqueles dias de chuva, naquele momento que não tinha um amigo por perto pra bater papo ou que não tivesse um livro pra ler.

Quando chegou no tempo do meu curso de magistério, eu chorava nas aulas de dobraduras.
Minhas amigas acompanhavam os hábeis movimentos da professora Hebe que demonstrava tudo na frente.
E eu me perdia. Não conseguia.
Nem fazer o barquinho, nem a florzinha, nem nada.

Então eu me sentia fracassada e muito burra.
Todo mundo conseguia, menos eu.

As aulas de desenho geométrico eram minha tortura.
Aquelas réguas, esquadros, compassos...
Tudo devia ser medido, enquadrado, exato!
Socorro, eu pedia.

Nasci com estrabismo e astigmatismo.
Sempre aprendi a enxergar além da aparência, afinal, eu não enxergava mesmo a aparência real de nada...
Talvez pela minha falta de boa visão, desenvolvi outros talentos.

E eu sempre gostei de filosofar e escrever.
Gostava de pintar livremente, com as mãos.
Nunca gostei de medir tamanho de nada. Sempre gostei do ilimitado.

Fico pensando na tarefa dos educadores...
Como eu tive sorte de ter tido os pais que tive, minha avó, meus professores!
Eles souberam reconhecer as minhas habilidades e me incentivaram a praticá-las e desenvolvê-las!

Atentem senhores educadores, para o meu depoimento.
Porque eu poderia ter simplesmente ficado frustrada por não fazer o que minhas amigas faziam e ter deixado que esse sentimento me aniquilasse.
Mas meus professores de português incentivavam minha escrita.
Meu professor de inglês incentivava a minha poesia.
Meus pais incentivavam o meu desenho livre.
E assim cresci feliz e de bem com minhas qualidades e limites.

Hoje, quando acabo de desmontar a árvore de natal e desembaraçar todos aqueles fios demoniacamente embaraçados do pisca-pisca, imagino que podemos desenvolver qualquer habilidade quando queremos.

Hoje eu sei fazer dobraduras.

Hoje, quando quero, sei até cozinhar.

Se precisar muito, sei fazer até a barra da calça.

Tenho a disciplina e a coragem pra investir em qualquer tarefa nova e que ache muito difícil e necessária.

Mas precisei me conhecer, me aceitar e, principalmente, ter o estímulo de tanta gente ao meu redor, pra saber que sim, eu era normal, ou anormal, igual ou diferente.

E que poderia ser qualquer coisa que quisesse, porque eu era única!


Pais e educadores, 
atenção 
para a 
tarefa sublime 
que 
desempenham.
O mundo 
precisa demais 
de vocês!









texto dedicado a todos os bons pais e mães e a todos os bons educadores.e em especial ao Maestro Sebastião Araujo,

o professor mais disciplinado, fiel e perseverante que conheci,
um desbravador audacioso que sempre fez da música o abre-alas de caminhos belos para as crianças carentes do nosso Sertão!
http://www.boanoticia.org.br/noticias_detalhes.php?cod_noticia=5015&cod_secao=1

A ESCADINHA

A ESCADINHA
por Ana Veet Maya
Pé-de-bode, pé-de-pato, 
trancinhas, doces e jujubas. 
Cachorros, gatinhos, 
criança pequena, jovenzinho, 
mulher grávida, 
mãe que parira  e tio que bebia. 
Casais que se amavam,
casais que tinham brigado, 
casais que iam casar 
e casais que nunca casaram.



Primo, prima, 
fralda, papagaio, 
periquito, vovô, vovó,
caderno, a mala e a bola... 
Sorrisos, desejos, 
sonhos e muitos planos. 
Esperanças, vontades... 
O futuro e a eternidade. 
Tudo cabia na escadinha! 










Quantos encontros, 
quantas lembranças, 
quantos momentos mágicos
 ainda guardam essa escadinha?



















3 January 2013

O BARQUINHO

O BARQUINHO
por Ana Veet Maya
poesia dedicada aos meus primos Armando, Celso, Rose, Edson, Sidney, Sirley, Adilson Marques, Paulo Sérgio, Luís Augusto, Eliana Ferreira e em memória dos meus primos Reinaldo e Serginho, estrelinhas lá no céu!


Enchi o nosso barquinho
De flores e doces segredos
De tudo pus um pouquinho
Amigos, amores, brinquedos.

Coloquei a tua calça azul
O lápis de cor, a bolinha
Separei a tua fivela
E o vestido de sianinha.

Coube lá tanta história
A tua, a dele, a minha
Tantos planos, nossa glória
O mago e a fada madrinha.

Um futuro lindo inventei
E enfeitei todos do barco
Príncipes, rainhas e reis.
Zebras, macacos ou sapos.

Mas a vida passou num instante
Levou-nos pra longe da margem
O vento empurrou nossos sonhos
Nem sempre foi fácil a viagem...

O tempo apagou o desenho
Dos barcos nas praias da mente
Restaram as boas memórias
O presente, o presente, o presente!