26 February 2012

SOMBRAS

por Ana Veet Maya
Nas sombras conversamos com nossos medos e mergulhamos no nosso infinito.

As palavras que se calam gostam do conforto do escuro.

As lágrimas correm quando escondidas pela ausência de luz.

O escuro é misterioso e abre um leque de possibilidades.
E aquele móvel vira um moinho.

E o moinho vira as asas de Pégasus.

E alados e protegidos pelo véu do misterioso, voamos rumo ao nada.

E nada se compara a quietude do escuro.

Nosso corpo descansa e nossa energia se renova.

Nossos ouvidos e todos nossos sentidos ficam mais aguçados.

Lá longe, o som do pássaro no ninho, aconchegado com sua família.

O bater das folhas ao vento. Folhas do coqueiro, primaveras floridas, folhas de papel amareladas pelo tempo e pelo desuso.

O carrilhão marca meia-noite.

O vento sopra pungente e aviva chamas em extinção.

As incógnitas se acalmam, as dúvidas viram apenas possibilidades de novos caminhos.

As sombras me libertam e minha visão aprofunda.

Lá no fundo a calmaria do azul.
Há paz.

O bater tranqüilo de meu coração.
Há vida.

O amor é o farol que me guia nas sombras.
A tocha que acende minhas esperanças.

Que o manto aveludado das sombras me cubra e me leve para o além.
E a máscara da noite cerrará meus olhos cansados e libertará minha alma sedenta.


2 comments:

  1. No escuro todas as coisas são um. Quando os olhos não podem diferenciar, quem sou eu e quem são os outros?

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  2. Eu sou eu, eu sou todos, porque somos TODOS UM, meu querido amigo Artur.

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