6 January 2012

TRACKS

por Ana Veet Maya
Doze anos.
Mesmo nas férias tinha o hábito de levantar bem cedo pra aproveitar mais o dia.
Café com leite, pão feito de farinha branca mesmo, manteiga e lá ia eu pra passar o dia no clube e encontrar com a turma.
Andava vários quarteirões pra chegar ao Corinthians.
Economizava o dinheiro das aulas particulares que dava, pra tomar um ônibus apenas na volta, caso estivesse morrendo de cansada pra andar.
Não havia telefones fixos na maior parte das casas, não existia celular e nem internet.
O ritual da turma era se encontrar nas quadras, logo cedinho, assim que o clube abria.
Quem chegava primeiro já pegava uma bola e ia treinando saques na quadra de vôlei.
Rapidinho chegava a turma toda e o jogo começava.
Quem não conseguia lugar no vôlei (que era a turma mais legal...) ia jogar basquete.
E os namoradinhos ficavam de mãozinha dada, apenas apreciando as partidas.
Final de jogo e todos pra piscina.
Mil metros brincando de competir.
Aí vinha o banho de sol, o bate-papo, a paquera e o almoço no bonde do parquinho.
Cada um levava um lanche, valia ovos cozidos também. E compartilhávamos.
Eu dava aulas de admissão e alfabetização.
Quando a turma de alunos era maior, sobrava um dinheiro pra comprar aquele lanche de queijo prato da cantina em frente à quadra.
Jamais esquecerei o sabor daquele lanche.
Queijo prato, sabor alegria nas manhãs encantadas da minha adolescência.

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