1 September 2008

MALDIÇÃO

por Ana Veet Maya


E quando caído na rua
Os cachorros se acercarem de ti
Com pena da tua solidão
Lembra daqueles que traiu
Lembra dos que tripudiou e iludiu.
E neste momento
O fogo do inferno
Será bem mais suave para ti...
E as agruras do deserto
Serão delícias pra tua alma.
Porque mil vezes a ira
De cem tornados e vinte tufões
Que o desprezo e a frieza de mármore
De um coração ferido a punhal.
Volte assim para a sombra!
Ó lastimável ser pestilento.
Que a sujeira e a podridão
Sejam então tuas companheiras.
E que as estrelas que iluminam
O semblante de cada homem digno
Nunca mais brilhem pra ti.
Porque roubastes a calma
E feristes a alma.
Deixastes sangrando
um coração de mulher.

DESPERTAR

por Ana Veet Maya

Chacoalhas com a luz
Enquanto raios tropeçam
Em tua testa quente.
Sofres, criança.
Já nem sabes quem és.
Acorda pois
E vem tomar café
E sentir o gosto
Da madrugada
Que canta.

BORBOLETA VERDE

por Ana Veet Maya

Jardim das delícias
Parque dos prazeres
Tua pele ficou na minha alma
Tua língua me trouxe a calma
E enlouqueci outra vez.
Você me libertou!
Você me deu sua mão
Você me deu alegria
Você se deu, coração!
E a ti eu me entreguei
No silêncio, só sentidos.
Poder chorar, saber rir.
Um encanto e um gemido...
Continuemos então nossa saga
Sua bênção, ó luz, ser alado.
Que nos guiem boas fadas
E nos salvem do pecado!

BOM DIA LIBERDADE

por Ana Veet Maya

Esqueci do tempo
em que contava histórias
e que corria descalça
perseguindo meus sonhos
Só queria bater “pique”.
Esqueci das vozes
e dos conselhos
esqueci meus medos
e esqueci teus pelos.
Eu esqueci de nós...
Então, abri a porta
e saudei o céu
pisei na terra
e gritei feroz:
bom dia, liberdade !

VOCÊ É MEU NÚMERO

por Ana Veet Maya

Meu cheiro
Ainda é buriti
Meu corpo
Ainda treme
Minha cabeça
Ainda gira
E meu ritmo
É flamenco
É jondo
O ritmo da dança que nos arrebatou.
Serena te espero,
Sorriso branco
Mente inquieta
Cão arisco
Selvagem amante.
É fatal
Iremos queimar
E arder outra vez
Mais que a pimenta
Que você prepara
E puramente dá
Como registro
Desta tua marca
Indelével.

TUDO CORRE PARA O MAR

por Ana Veet Maya

Tudo passa.
A nuvem.
O tempo.
A vontade.
O tédio...
Tudo corre para o mar.


A água da fonte.
A água da chuva.
A água do rio.

A água dos meus olhos
E a água do teu ventre.
Tudo corre para o mar.


E é esse o tom que habita em mim
É a minha imensidão
Que ganha mais luz
E fica mais ampla
E ganha mais sentido
Quando encontra o teu sorriso


E este meu peito aberto
Neste corpo porto teu
Só quer ser chão e terra
Pra que você amado rio

Corra livre para o azul
E possa enfim desaguar...


Sigamos pois a viagem
Das almas que só se sabem
E entendem que não se têm
Das águas que nunca param
e que aceitam o movimento.
Certas que correm para o mar...


31 August 2008

AINDA ESTOU AQUI

por Ana Veet Maya

Apesar das juras
e apesar do sal
apesar dos medos
e apesar do tchau
que queimou e ardeu
mais que mertiolate
que marcou e ofendeu
mais que meia elástica
Ainda estou aqui !
E por baixo deste seio
frio
desta boca
fria
desta pele
fria
deste olhar
frio
ainda habita
a mulher que usa
apenas asas.

28 August 2008

CONFISSÃO

por Ana Veet Maya

Coroas, ouro e vintém
De bom grado eu daria
Para estar com o meu bem
E dar asas à poesia.

E se do alto eu pudesse
Um raio de sol captar
Só pra ti enviaria
Pra tua tez iluminar.

Nas profundezas do azul
No mar aberto um clarão
As ondas mais claras e mansas
Viriam beijar tua mão.

Trovão e vento cortante
Na mata, na chuva, no rio
Feliz eu seria no instante
Que tu esquentasse meu frio.

Na seca, poeira, deserto
Chorando, morrendo de dor
Oásis seria se perto
Tivesse a ti meu amor.

Mas és mau, me castigas
Insistes, não dás teu calor
E assim já morro à míngua,
Sedenta e faminta de amor.

COTIDIANO

por Ana Veet Maya

Paçoca, pipoca e canção
manga, morango, lishia,
O gato, o livro, o cão,
Detalhes do meu dia-a-dia.
Brinquedos, carinhos, lambidas,
Os Beatles na alma, na veia
Suscinta, direta, erguida
Inteira, intensa, certeira..
Meu creme,um sonho, desejos
O toque, pudor, tentação... 
Tua boca, meu dedo, tua coxa,
Tua língua, meu pé, tua mão.
Pincéis, meus anéis, meu perfume,
Destino, que destino, senhora?
Teu rumo, teu porto incerto
Tua meta, tua seta, tua hora.

27 August 2008

SOU ESCORPIÃO

por Ana Veet Maya

Sou escorpião!

Sou aberta ao inusitado e essa minha característica faz com que minha vida seja tudo, menos monótona. 

Já é longa esta minha caminhada, marcada por muita aprendizagem e amor.

Sou positiva e corajosa. Gosto de partir para a ação ao invés de ficar só divagando sobre possibilidades e desejos..

Aprendi que a mente, mente!

Gosto de aprender. E conto com isso! ;)

Esta poesia SOU ESCORPIÃO registra meu lado guerreiro e um tanto dramático também.

Neste blog busco compartilhar o que tenho aprendido e alguns momentos apaixonantes da minha vida.

Minhas poesias e meus textos falam da vida, da paixão, da saudade, desejo, frustração, perda, partida e chegada - todos os sentimentos que me permito viver.

É gostoso quando o tempo passa e percebemos que sobrevivemos a tudo e a nós mesmos! 

Minha vontade é que todos tenhamos uma vida plena.

Neste blog eu me desnudo para você, meu leitor. 

Ficarei alegre se te contagiar com um pouco de alegria, motivação, paixão!

anaveetmaya


SOU ESCORPIÃO
por Ana Veet Maya

Eu me rasgo
E me queimo
E me curo com tesão
Sou chorona
Sou guerreira
Eu sou um escorpião!

Eu me mato
E renasço
E das cinzas faço pão.
Bebo o sangue
Da minh’alma
Eu sou um escorpião.

Faço a guerra
Trago a paz
Enfeitiço com porrada
Falo sim e muito não
Sou sutil fiel amada
Eu sou um escorpião

Se da festa
Tu sentires
Meu perfume de paixão
Sejas sábio
Tens cautela...
Eu sou um escorpião!

Mas se forte aceitares
E seguires sem cansaço
Os prazeres mais sublimes
Sentirás no meu abraço.
E tua calma será santa
E teu corpo será são
E tua vida será tanta...
Com o teu escorpião...
(Ana Veet Maya , arte-educadora, terapeuta)

BRASIL BRASILEIRO

por Ana Veet Maya

Cruzes,
poços de cimento
Terra seca,
laço, ardil
Céu sereno,
rosa fétida
Caos do cais
Centenas,mil.
Lá se vai
Mais um tão só
Lá se vão
E outros mais
Morrem todos
Nascem mortos
Mão fechada,
peito, pé
Boca torta não entoa
Filhos lesos e sem fé.
Jazem pobres
Jazem podres
Caos do cais
Centenas, mil.
Lá se vai mais um tão só
Neste meu pobre Brasil.

AO PÓ VOLTARÁS

por Ana Veet Maya

Ilusão e mentira
Seu olhar denuncia
Falsidade e ira
Sua alma adoece!
Desgraçado ser
Errante vagabundo
Vampiro insaciável
Que te escondes
Sob o nome amizade.
Que colhas o fel
Que plantas agora
Fingindo a inocência
Fiel que trabalha.
Assiste na sombra
O mal triunfar...
Aparências! Escuta
Justiça virá
E urrando de dor
Ao pó voltarás!

SÓ DE RAIVA

por Ana Veet Maya

Também só de raiva
Hoje nem vou te beijar
De cheiro só o sabão
O toque só da gilete
Que espero te corte sim
E tire desta tua face
Esse sorriso incerto
De quem espera o carteiro
E aquela carta
Que nunca vem...



Também só de raiva
Nem pensamentos
nem flores
Nem ligações
e nem cores
Só de raiva
punição
De silêncios e distâncias
De dedos que nunca se tocam
Nem num aperto de mãos...

Também só de raiva
Nem sonhos
nem sobras
Daqueles confeitos
Que apodrecem no chão
Nem violas nem covas
Nem serpentes
ou boas novas
Assoalhos lustrosos
Polindo tua emoção.

Também só de raiva
Nem cúpula
nem cópula
Nem ovo
nem válvulas
Nem pelos
ou cabelos
Que te trancem nas pernas
e descansem quadris
ou repousem joelhos.


Também só de raiva
Hoje não quero
Hoje não sou
Não mais eu te espero
Pra frente é que vou
Mil passos avanço
Pro lado e além
Que o Diabo te acompanhe
(e me esqueça) amém.

APELO

por Ana Veet Maya
Confuso o tempo saúda o dia
Na vidraça o vento assopra o véu
Que balança e assanha palavras minhas
Que despencam e voam e contemplam o céu.
Arrebenta a corrente e a vida passa
Estilhaça o medo e extermina a flor
E escravo o povo já não teme, aceita
O morrer da terra, a tristeza, a dor.
Um chorar destoa nem se sabe ao certo
Que cantar é esse que não cessa então
É o sangrar dos rios, o gemer da mata
É a vida morta num apelo em vão.

PRAGA I

por Ana Veet Maya

Plúmbeo sorriso
esquarteja meu coração
já roxo de pensar.
Usina de gelo
sua face perpetua.
O estampido dos meus dedos
Atinge sua pele nacarada.
Malévola gata vadia
Na rua criada sem dono
Tua sina será a peste
Que teu cérebro sugará
Tal qual o carrapato
Que insistes em copiar.
Sanguessuga empobrecida
Que só um neurônio ousa usar
Tua sorte está bem selada
E haverá de te encontrar.

TUDO DÁ PRA AGUENTAR MENOS FICAR SEM VOCÊ

por Ana Veet Maya

Amargor de bílis na boca
Dor reumática sem jeito
Enxaqueca ou azia louca
agulhada, angina no peito
Cheiro de suvaco e de chulé

Dor de dente no canal
Torcida e topada no pé
úlcera, gastrite, dor anal
Pedra pra ser eliminada
Tontura má digestão faringite
Cólica e garganta inflamada
Bronquite, rinite, bursite
Tudo dá pra agüentar
Menos ficar sem você.

SIM AO PERIGO!

por Ana Veet Maya
O sorriso casto da virgem morta
Embalsama o corpo do amante ser
Que chora as culpas do passado agora
Sem que nada mais se possa fazer.
Por que findou a vida num passo?
Estampido rubro que cruzou sua tez.
Desilude-se a malta que a queria lógica
E na massa insana o silêncio se fez.
E no sepulcro jaz o seu sonho santo
De um amor fiel, um amado amigo
Que a todos fique o alerta insano
Sim à paixão é sim ao perigo !


ADORO PROVOCAR VOCÊ

por Ana Veet Maya
Adoro provocar você
Desencontro de palavras e estilos
Expressões que
tRombAM e
f l e r t a m  com essa mesma compulsão
de quem masca chiclete sem gosto
regurgita e come novamente
e    i r r i t a n t e m e n t e
sem parar estoura bolinhas
do plástico BOLHA.
Mas tudo vira questão,
mera filosofia...
E eu vagueio entre retas,
ângulos,
triângulos e quadrados
e adoro um pentagrama

Meu ponto final

vira vírgula e exclamação.
E assim como a vida é morte
o romantismo
que te I N C O M O D A
vira faca afiada que espeta e dói...
Então, que se dane o mundo
Meu nome nem é esse
que você pensou.
Sou assim como sou.
Uma mente em construção.
E adoro provocar você.





À NOITE

por Ana Veet Maya

À noite
tudo silencia
A rua silencia
Os meninos silenciam
Os pássaros silenciam
A terra silencia.
À noite
quando tudo silencia
meu corpo acorda
e grita por você.




A VIDA

por Ana Veet Maya

A vida que rasga
que fere por dentro
batiza por fora
e seca feridas.
A vida que suga
teu sangue tua alma
devolve alegrias
e fecha passagens
de lodo poeira
e vermes nojentos.
A vida , a vida
é morte também
alegria e tristeza
é mal e é bem.
A vida que passa
A vida que vem
A vida é segredo
Detalhe e certeza
A vida é mistério
É hoje e agora
É ontem poesia
É serva e senhora
A vida é graça
Desgraça e poeira
É ouro e traça
Beleza e sujeira
Caminhos abertos
Que levam ao topo
Caminhos cruzados
Que levam ao fim
Saber e espera
A vida é assim
É luta e glória
Contrastes eternos
Que existem em mim.

A ONDA

por Ana Veet Maya

A onda que chega
é mansa
é onda sagrada
salgada de amor

bem-vinda maré!
Atiça meu sangue
Aguça meu tato
e beija meu pé. 

Te quero lavada
e que lave meu corpo
te quero perfume
e que banhe minha alma
te quero espuma
que borbulhe na palma
e traga feitiço
instale a calma
neste rebuliço.

A onda que chega
é mansa
é onda sagrada
salgada de amor.

26 August 2008

CALMARIA

por Ana Veet Maya
Os pelos
as pestes
as setas
cravadas


Viagens
apelos
mentiras
faladas


Os gritos
gemidos
sentidos
de dor


Desejos
anseios
lembranças
sem cor


As festas
vitórias
passado
e os fins


Sem marcas
sem farpas
sem dores
em mim


Vazio
o meu peito
vazia
a minh’alma


Os ventos
sopraram
Bem-vinda
A calma!